“Amigo é coisa para se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração”, diz a música “Canção da América”, de Milton Nascimento. E esse é o sentimento da Paróquia São José, diante da saída dos padres Paulo Leandro e Antônio Carlos Frizzo, que deixaram a comunidade na noite do dia 28 de outubro, quando foi celebrada a missa de envio. O bispo de Guarulhos, dom Edmílson Amador Caetano, transferiu a dupla para a Paróquia Santa Rita de Cássia, no Jardim Cumbica.
No dia 30 de outubro, o padre Weber Galvani Pereira, que estava na Paróquia São Francisco de Assis, no Uirapuru, toma posse como novo pároco na São José. O vigário será o diácono Jonas Barbosa, após a ordenação sacerdotal dele, no Santuário São Judas Tadeu, no Torres Tibagy, em 15 de dezembro.
Padre Paulo chegou na paróquia em 2009, ano de sua ordenação presbiteral, no dia 21 de abril, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, pela imposição das mãos de dom Luiz Gonzaga Bergonzini. No ano seguinte, tomou posse como pároco. Em quase dez anos, transformou o rosto da Paróquia São José, reconhecida por seus trabalhos sociais.
Com formação consolidada da Pastoral da Juventude e da Teologia da Libertação, Paulão, como é carinhosamente chamado, conquistou a todos com um jeito diferente, voltado ao acolhimento aos mais pobres e necessitados. Começou com algumas pessoas o projeto Anjos das Ruas para alimentar os irmãos de rua, sua menina dos olhos. Hoje, o projeto sobrevive com as doações, mas tem até lista de espera para entrar e três dias por semana para as visitas.
Todos os domingos, acorda 4h para se encontrar com os irmãos de rua, com a obrigação de voltar às 8h para presidir a primeira missa. Depois, tem mais três celebrações, sendo que a última, das 19h30, é especial: a das famílias. Nesse horário, o padre incentiva as famílias a se abraçarem, maridos beijarem as mulheres, os filhos… Um espaço de resgate das famílias.
Paulão também deu andamento às demais atividades da paróquia, como o Caminho Neocatecumenal e a Renovação Carismática Católica. Com ele, surgiu este informativo, A Voz de São José, e a colaboração dos agentes da Pastoral da Comunicação, com especial destaque ao senhor Felipe, já falecido, primeiro animador da Pascom na paróquia.
As demais atividades sociais também foram incentivadas por Paulão. O bazar comunitário, no segundo final de semana de cada mês, a Cooperativa de Alimentos, que entregou 150 cestas básicas no mês passado, e o Projeto Reviver, que cuida dos idosos as terças e quintas, na paróquia, com atividades, lanche e almoço, tudo gratuito.
Como pastor zeloso, sempre cobrou dos coordenadores das comunidades e pastorais um bom planejamento de ações, formação e espiritualidade. E também há que se falar das longas procissões na Semana Santa, em especial a da Sexta-feira da Paixão. Procissão de até oito quilômetros. Para Paulão, esses momentos são especiais pela oportunidade da Igreja mostrar o seu rosto. E nesses nove anos, quantas ruas viram o Cristo Eucarístico no Corpus Christi.
Interiormente, Paulão se preparava para pedir ao bispo para mudar de paróquia após completar 10 anos de São José. Não porque gostaria de sair, pois ama a Família São José, mas pelo sentimento de que precisava avançar para águas mais profundas e colaborar com o Reino de Deus em outro local. Mas quis Deus que a despedida fosse antes de completar uma década como pároco.
Padre Frizzo chegou há pouco tempo em São José. Presidiu a missa de Ano-Novo, na São José, e tomou posse no dia seguinte como vigário. É um dos homens mais inteligentes da Diocese de Guarulhos. Aos 62 anos de idade e 34 de sacerdócio, Frizzo é um teólogo da Libertação. Estudou tradições judaicas e das teologias cristãs em Israel. Foi secretário por quatro anos do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Frizzo participou da equipe de tradução da Bíblia, edição Pastoral, no Brasil, e desde 2012 é professor do Instituto São Paulo de Estudos Superiores. Também coordena a Pastoral de Fé e Política em Guarulhos. Neste ano, atuou com os movimentos populares para impedir que o Cabuçu receba um aterro sanitário de São Paulo. Em suas homilias, gosta de interagir com o povo, conversar e trazer o evangelho para o dia-a-dia das pessoas. Sua passagem em São José foi curta, porém marcante para jeito simples e afetuoso de ser Igreja.
Paulão e Frizzo partem para um novo desafio. Eles continuarão, respectivamente, como pároco e vigário, mas em outro lugar. Para a Família São José, resta o agradecimento pelo empenho e dedicação de cada um deles conosco. Que Deus os abençoe e os fortaleça em suas vocações. E como diz a música de Milton Nascimento: “Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”. Obrigado amigos Paulão e Frizzo.