O que é a comunhão dos santos?

Com certeza você já deve ter ouvido essa expressão antes: “Comunhão dos Santos”. E já deve ter se perguntado o que isso significa, quem são esses santos? Será que são os santos canonizados pela Igreja, ou somos nós, ou são os sacramentos? Respondendo de maneira resumida, é tudo isso.

A Igreja desde o seu início, através dos Apóstolos e depois pela ação de seus sucessores, sempre entendeu que por ser o Corpo de Cristo, a Igreja é também santa. Por isso afirmamos na oração do Credo crer “na Santa Igreja Católica”.

A Comunhão dos Santos, segundo o artigo 946° do Catecismo da Igreja Católica, é “de certo modo, uma explicitação do anterior”. Ou seja, depois de termos afirmado crer na Santa Igreja Católica, também afirmamos crer na comunhão dos santos, que é se não a assembleia de todos os santos.

“A comunhão dos santos é precisamente a Igreja”, diz o mesmo artigo do CIC.

O entendimento é assim estabelecido, pois desde sempre a doutrina católica crê e exorta seus fiéis a acreditarem da mesma forma que todos nós fazemos parte de um Corpo, sendo Jesus Cristo a sua Cabeça, que comunica seus bens a todos os crentes.

Santo Tomás de Aquino explica de maneira perfeita essa doutrina: “Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros. […] Assim, é preciso crer que existe, na Igreja, a comunhão dos bens. No entanto, o membro mais importante é Cristo, por ser a Cabeça […]. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja”.

O termo Comunhão dos Santos tem dois significados que são importantíssimos para o seu entendimento integral e que estão, segundo Catecismo, “intimamente interligados”: é a comunhão nas coisas santas (chamada de sancta) e a comunhão entre as pessoas santas (chamadas de sancti). Assim, segundo alguns celebrantes orientais, usam a expressão “Sancta Sanctis!” que, traduzindo, nada mais é que “o que é santo para os que são santos”.

“[…] Assim proclama o celebrante, na maioria das liturgias orientais, no momento da elevação dos santos dons, antes do serviço da comunhão. Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo (sancta), a fim de crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinonia) e comunicá-la ao mundo”, diz o CIC em seu artigo 948.

Nesta comunhão também existe a comunicação dos bens espirituais, que são os sacramentos que Cristo deixou para a sua Igreja compartilhar com todos os fiéis. O primeiro bem espiritual que podemos dizer é o do Batismo, que é a porta de entrada do fiel na Igreja. No entanto, a própria fé, o tesouro deixado pelo Apóstolos e que enriquece cada vez mais ao ser compartilhado, pode ser também um bem espiritual nesta comunhão.

O bem espiritual, porém, em que toda essa comunhão se cumpre perfeitamente é a Eucaristia. Diz o Catecismo Romano: “A comunhão dos santos é a comunhão realizada pelos sacramentos. […] O nome comunhão pode ser aplicado a cada sacramento, pois todos eles nos unem a Deus… Contudo, mais do que a qualquer outro, este nome convém à Eucaristia, porque é principalmente ela que consuma esta comunhão”.

Na caridade, a comunhão dos santos se dá na participação de todos na vida espiritual de cada outro irmão, assim quando um sofre, o outro sofre junto; quando um se alegra, o outro se alegra junto. “Vós todos sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (1Cor 12, 26-27). Em seu parágrafo 953, o CIC destaca que “o menor de nossos atos praticado na caridade irradia em benefício de todos, nesta solidariedade com todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na comunhão dos santos. Todo pecado prejudica esta comunhão”.

A comunhão dos santos também acontece entre os três estados espirituais da Igreja, isto é, participando todo o Corpo Místico de Cristo: a Igreja triunfante em que estão todos os santos que já desfrutam da presença do Deus uno e trino no céu; da Igreja militante que somos nós que estamos aqui na terra lutando pela nossa salvação; e a Igreja padecente em que estão aquelas almas que, embora já salvas, mas estão no purgatório para se purificarem das últimas manchas do pecado antes de entrarem no céu.

O Concílio Vaticano II na Constituição Dogmática Lumen Gentium, 49, afirma que: “Todos, porém, ainda que em diferentes graus e modos, participamos da mesma caridade de Deus e do próximo e cantamos o mesmo hino de glória a nosso Deus. Todos quantos são de Cristo, tendo, pois, o seu Espírito, congregam-se em uma só Igreja e estão entre si unidos a ele”.

Essa comunhão se dá pela intercessão dos santos junto a Deus a nós, ainda peregrinos na terra; também se dá quando rezamos pelo alívio das almas no purgatório, para que enfim Nosso Senhor possa resgatá-las e elevá-las ao Seu Reino de paz e alegrias eterna. A Santa Missa é a realização perfeita dessa comunhão entre os três níveis do Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.

A Igreja é a família que Deus quis instituir na terra para unir todos os homens a ele por meio de Cristo, e que “enquanto nos comunicamos uns com os outros em mútua caridade e num mesmo louvor à Santíssima Trindade, realizamos a vocação própria da Igreja”, (Lumen Gentium, 51).

Referências: Catecismo da Igreja Católica, pag’s 267, 268, 269, 270 e 271.

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